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Quem é quem na trama familiar de uma mãe narcisista

Cristina Fernandes • set. 01, 2022

O facilitador geralmente é o marido, mas também pode ser um filho escolhido que seja subversivo ou facilmente manipulado a ajudar a mãe narcisista nas suas dinâmicas perversas.

O  facilitador funciona como uma espécie de zelador no reino que a mãe narcisista perversa constrói. Esse território é orquestrado de modo cruel e, por causa da capacidade altamente manipuladora dessa mãe, qualquer espécie de confronto é brutalmente combatida.


Na configuração de família, existe o filho considerado ovelha negra, que, apesar de ser o mais insultado e o mais desqualificado, é o único que costuma perceber o que se passa e, portanto, o único que ousa questionar e, por vezes, confrontar a mãe abusadora.

Todas as vezes que esse filho ousar questionar os motivos pelos quais sempre foi visto como o errado, como  o vilão de situações injustas e indagar sobre os motivos de ser tão maltratado ou mesmo se ela sabe qual a razão de tantas críticas a ele destinadas, enfrentará as piores e as mais devastadoras das iras narcísicas. Tudo será usado contra ele e a mãe irá vitimizar-se e virar todos os restantes membros da família contra ele.


Ofendida, ela ameaçará ir embora, matar-se, ficar doente, etc, e em simultâneo provocará sentimentos de desamparo, de rejeição, de desproteção e de abandono mesmo quando os filhos já são adultos! Fará escândalos, cenas e mais cenas e, como sempre, inverterá papéis, colocando-se como vítima. Os gatilhos que ela aciona nos filhos foram instalados ao longo de toda a infância manipulada e humilhada a que os sujeitou.


Ela jamais assume a responsabilidade por qualquer infortúnio causado aos filhos e, mesmo que haja muito sofrimento, a falta de empatia, as humilhações desmedidas e  a punição da retirada total de atenção ainda assim persistirão.


Nessas ocasiões, o filho escolhido ou o marido omisso entra em cena, evidenciando uma aliança com a poderosa vilã da nossa história, contribuindo para que ela seja sempre bem-sucedida. Dessa forma têm a falsa sensação de ficarem a salvo das represálias desta mulher.

A memória da mãe narcisista perversa é seletiva, ou seja, ela só se lembra do que lhe convém, mas, quando é para vitimizar-se ou para denegrir alguém, lembra-se de tudo em detalhes, colorindo, inclusive, histórias e cenários com encenações e

verdades inventadas.


O filho de ouro escolhido, que nessa trama também funciona como mais um abusador, não tem consciência de que também é um refém do que chamamos de violação emocional. Estes, na maioria das vezes, encontram-se bem mais comprometidos do que os bodes expiatórios e dificilmente conseguem saber que se encontram emocionalmente escravizados. Além disso, têm enormes dificuldades, quando adultos, de seguirem com a vida no âmbito profissional e no afetivo. A criança de ouro escolhida está presa sem conseguir crescer emocionalmente, pode ficar infantilizada, não conseguir ter relacionamentos saudáveis, ter problemas de ansiedade ou depressão, serem dependentes, etc. Dificilmente conseguirá seguir uma linha de vida, pois emocionalmente é totalmente subjugado e é tratado como um bibelô apenas para suprir as necessidades emocionais da mãe perversa.


Existe também o filho moderador, extremamente estrategista e manipulador. Nos conflitos familiares, esforça-se para falar com todos no intuito de amenizar humores e, claro, para ser bem visto pela mãe. O intuito real, porém, é que ele, como todos os outros, numa competição velada e inconsciente, possa de algum modo obter algum olhar dessa magnânima mãe, rainha poderosa. Ele quer ficar bem visto, mas também está comprometido emocionalmente, pois não consegue fazer muita coisa na vida; funciona como eterno adolescente encantado, aprende a arte da sedução e pode até ficar casado por algum tempo, embora as relações afetivas não costumem ter sustentação, pois, no fundo, ele permanece casado com a família de origem. Além de tudo, pelo enorme gasto de energia voltado para proteger a família, todo o resto vai ficando descartável. Muitos desses filhos nem chegam a casar e outros vão saltando de relação em relação, ficando, no máximo, alguns poucos anos em cada uma.


O pai e marido, ou é omisso ou se torna ausente após os primeiros confrontos com a sua mulher dos quais sai derrotado. Muitas vezes, fala com os filhos secretamente dando-lhes razão, dizendo que  a mãe é assim mesmo, mas pouco consegue ajudar e não a enfrenta diretamente buscando uma saída saudável tanto para si mesmo quanto para os filhos. Em muitas ocasiões, porém, confunde e dificulta ainda mais a vida dos filhos sendo mais um facilitador da esposa. Infelizmente também é vítima por ela manipulado, sentindo-se obrigado a seguir o que lhe é determinado com receio de perder o apoio e o sentimento de pertença. Este pai é muitas vezes fator para prender ainda mais os filhos a esta trama familiar, pois algum deles vai assumir a proteção do pai e manter-se em contato por ter pena dele e do que ele sofre na relação.


Nessa trama, ainda podemos encontrar a criança invisível, que fica longe e à deriva da família, mas que vez por outra também recebe alguma crítica desqualificadora. A criança invisível não é vista, pois é ignorada e, como consequência, possui uma baixa autoestima insuportável somada a sentimentos de vazio interior. É a criança negada, a criança perdida. Às vezes, fica como se fosse adotada pelo pai omisso, que, por sua vez, também faz uma espécie de incesto emocional inconsciente, recebendo-a a princípio como a filha renegada e, na sequência, como a esposa substituta. Tenho ouvido histórias no consultório de que, quando o pai falece, a ira da mãe fica mais descarada e direcionada para essa filha, visto que ela não pode mais ser encoberta por esse pai. Nessas ocasiões, um tipo de expulsão velada, porém concreta, da família vai acontecendo até o ponto em que o contato fica totalmente inviável.


O narcisista não pode ficar numa posição de inferioridade ou de fragilidade.

Quando algo é questionado, não admite os erros e jamais pede desculpa. O pai, marido omisso, tem medo de perder a relação com ela, por isso comporta-se como um refém.

Se a mãe narcisista não tivesse um facilitador, ela não teria o poder que tem; porém, ela sabe orquestrar o seu território como ninguém, escolhendo maridos frágeis, medrosos ou muito comprometidos com a cultura do casamento e família. Ela cria toda essa situação de modo muito preciso, como se ela tivesse um script na mente, uma estratégia minuciosamente planeada.


Ela projeta nos filhos a gata borralheira, a criança invisível, o filho moderador, o pai omisso, o filho de ouro, o bode expiatório; ninguém escapa dessa ditadura de terror, principalmente os que nascem nessa trama. Ela gera competições desmedidas e utiliza a tática de dividir para governar, mantendo-se no seu trono.


A vida, porém, pode ser bastante diferente quando conhecemos esta trama e quando buscamos ajuda profissional, o que, nesses casos, é imprescindível.

Quanto mais despertos, melhor!


Cristina Fernandes


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